Cara Torta

O menino da cara torta

Bagunçou minhas noções

O menino loiro, de traquinagens

Gerador de emoções

Asfixiado pela rotina

Decidi sentar no banco, durante uma manhã de setembro.

Me vi na presença de um rapaz

Que se queixava de seu amor

O afeto me veio de súbito

Lhe dei dicas, lhe dei supapos

Lhe dei beijos

Te fiz carinho, te fiz críticas, te fiz piadas

Me fez chorar, me fez amigo, me fez mais nada ( eu estava completo)

Data

O tempo me ensinou a detestar as datas

Todas aquelas fotos, todas aquelas realidades

E nada mais está em minhas mãos

A luz do computador é pontual

A sala escura se mantém em silêncio

Todos dormem, mas eu insisto

A nostalgia vem através das imagens

As datas são tão afiadas que o sangue escorre

Dos meus olhos

Não é o que eu fiz em 2013 que me deixa triste

É o que eu não fiz

Sãos os amigos que eu não colhi

São os sorrisos que não estampei em meu rosto

Doma

É gato correndo para pegar o rato
É palhaço de rodeio que faz poesia
Sobre o menino e o cavalo

Daqui para lá é fogo
E de lá para além é mistério

Nunca foi fácil domar esse cavalo
Mas quem disse que o vaqueiro parou?
O menino todo dia tá lá
Mas o cavalo é bicho arretado

Tem que ser muito valente
Para amar parado
Mas para amar em busca
Tem que ser mais ainda


Tem que ser sagaz
Tem que ser safo
Tem que vir armado
Para ver o cavalo domado

Torre

A torre reflete a crise.

Uma enorme polêmica acontece

e a luz de sua base é desligada

Poucos se atentam, o que são algumas lâmpadas?

O tempo passa, e novas pressões são impostas

o grito descomunal da turba

faz outra parte ser desativada.

Nessa altura

 muitos já notaram

mas poucos estão dispostos

a tarefa árdua de tecer comentários .

O sufoco está bem claro

todos passam pela mesma rua

erguem o queixo

e vislumbram a torre quase toda apagada

tendo apenas a luz do topo acesa.

Tu, que é o zelador da torre,

tens uma unica função.

Ou gira a chave para religar o monumento(por completo)

ou

desliga a luz remanescente